MINEIROS

.. marcada , pela dureza da vida e pelo sofrimento , uma mulher de meia idade maquilhava o rosto
olhando-se num pequeno espelho de bolso . Os olhos , esses , tinham um brilho misto de ansie-
dade e esperança .
Há momentos na televisão . Tratava-se da esposa de um dos mineiros chilenos aprisionados
nas entranhas da terra ... estaria certamente a retocar o rosto para o momento de felicidade que
se aproxima ; faltam duas horas para ser iniciado o resgate dos valentes mineiros .
Fiquei emocionado . ( Esperemos que tudo corra bem ) .

O voo do passarinho

Um dia um passarinho , ainda pequenino , "pousou no nosso ninho" . Os seus pais tinham
necessidade de voar , de angariar o alimento e tudo quanto fosse necessário para o seu crescimento e bem-estar . Nós , avós do passarinho , recebe-mo-lo de asas abertas e , de felicidade , choramos .
( Os pais ,do passarinho partiram , com tristeza , para o seu voo diário mas...tinha de ser ! E
ao entardecer voltariam para o aconchegar e prestar-lhe todos os cuidados e atenções que só os
pais podem , e devem , proporcionar ) .
E assim foi durante três anos , felizes e compensadores . A avó , sobretudo ela , cuidou com
ternura e total disponibilidade , do passarinho que entretanto foi crescendo e despertando para
a vida , aprendendo a fazer pequenas malandrices ( e chantagem ) dando "bicadas" no avô que ,
não raras vezes lhe mostrou o seu desagrado , o que só piorava as coisas ... mas passados breves
momentos e com o chilrear (sábio) da avó ,tudo se recompunha .
Hoje , o passarinho já não apareceu .Teve necessidade de integrar " o bando de avezinhas "
que , como ele , precisam da mão profissional e competente que os vai ajudar a começar uma
nova e decisiva etapa.
Querida neta . Desejando que faças muitos amiguinhos e que sejas feliz , os teus avós estarão sempre disponíveis . Sempre .

Saber

Eu não acredito! Então a Senhora ministra da educação , admite discutir a possibilidade de "não haver reprovações" no ensino secundário !? Bom . Estarão , decerto , na forja e em paralelo outras medidas que vão imprimir tal rigor e exigência no ensino que TODOS os alunos vão ser "conquistados" pelo dito ensino ; ser-lhes-a incutido de tal modo o gosto pelo trabalho , o sentido da responsabilidade , a atitude disciplinada ...muito bem se assim for ! Ou será ingenuidade da minha parte admitir que nas escolas portuguesas acabará , de uma vez por todas , a situação que todos conhecemos . Então qual será a reacção do aluno que se esforça , que trabalha e respeita e vê a seu lado outro que , sem o menor esforço , vê ser-lhe reconhecido (formalmente) o mesmo nível de conhecimento ?
E ,pergunto mais , que futuro espera um aluno que passa " administrativamente" sem a aquisição de conhecimentos e competências que lhe permitam competir com aqueles que estão
melhor preparados,no mundo do trabalho? E para onde caminha Portugal ?

(DES)ACORDO

Não querendo defraudar as expectativas dos milhares de visitantes deste espaço, aqui estou para vos transmitir a minha (tão ansiosamente aguardada) opinião sobre o famigerado (des)acordo ortográfico).
Sou contra TODOS os fundamentalismos e, ainda que os respeite, estou em desacordo com os puristas. A língua é o principal veículo que permite a comunicação entre as pessoas, é mesmo a sua mais nobre função. Gosto muito, mesmo muito, de ouvir o "português com açúcar". Contudo, no que toca a escrever...aí o caso afigura-se-me mais complicado.
Eu, de facto, estou com uma tremenda dificuldade em vestir o "fato"! Será o anteposto c uma inutilidade? Pois que seja,admito mesmo a possível irracionalidade desta minha rejeição mas que querem V.Exas ? Não sou capaz de viajar de elétrico, só o consigo fazer de eléctrico!
Importante é que o receptor receba e entenda a mensagem emitida, já o disse. Mas temo que se instale o desleixo e a anarquia na língua de Camões. Receio que as regras gramaticais; a grafia, a fonia etc. sejam atropeladas de tal modo que, de futuro, a "Pátria" de Pessoa se torne numa amálgama ininteligível...e teremos não uma maior facilidade de comunicação entre os milhões, e são muitos, de falantes em português, mas o seu contrário.
Fui claro? Pois não. Não fui! Mas pelo sim pelo não, sempre vos digo que, até que me provem que não tenho razão, vou continuar a escrever conforme aprendi com a minha querida professora do ensino primário, Dª.Ana Caeiro.

Avec le temps

La Chanson des vieux amants

Like a bridge

TRIGO LOIRO (e saudades)

É trigo loiro é Alentejo,o meu país deste momento...que saudade.Tanta.Tanta saudade.
-Acabei de ouvir,e ver,a Simone a ser entrevistada na TV.O seu discurso por vezes,aparentemente e só aparentemente,desconexo traduz uma mulher genial e corajosa.Como não hei-de gostar desta mulher?Cantou-nos o mais belo poema.Eu acho,desculpem a imodéstia,que o cantou só para mim.É verdade...tinha eu dezanove e a minha mais-que-tudo tinha quinze.Foi a ternura e, em simultâneo,
a força que emanava da "Desfolhada" que induziu o primeiro « sim,quero ser tua namorada »,que
criou o ambiente propício a que as suas mãos ficassem abandonadas entre as minhas.(Eu sei,o
Fernando Pessoa decretou que todas as declarações de amor são ridículas.Mas não retiro nem uma
uma vírgula).

GLORIOSO ÉDEN

-Tarde luminosa.Estendo o olhar pelo "Glorioso Éden"de Byron.E,lá bem no cimo,junto ao Castelo dos Mouros,vislumbro por detrás de um gigantesco monóculo,a esguia figura de Eça que,brandindo a bengala,lançava impropérios contra Thomas,o Mann da Mágica Montanha.São andróginos o teu Hans
Cartop e a tua Madame Chauchat! Dizia o Eça.E o teu Carlos da Maia e a tua Maria Eduarda,o que são senão uns devassos!? Retorquia-lhe Mann (o Thomas da Montanha).
-Os castanheiros e as camélias riam-se a bandeiras drapejadas.As fontes soltavam torrentes de
gargalhadas cristalinas.A serra inteira estremecia de riso (e de beleza).O sol,que com um sorriso irónico,assistia do alto do seu trono,lançava subtis raios luminosos que se reflectiam nos óculos de Camilo que,sentado numa esplanada,escrevia. E, perante tal desassossego disse:Eça!agora dás ouvidos a esse tipo que nem sabe o que é o Realismo? Prega-lhe mas é duas bengaladas nos costados! Eça:não! Pois acha V.Exª que eu ia esboçar gesto de tal calibre? O homem , na verdade , demorou doze anos a decidir como terminar o livro mas...finalmente decidiu-se e tomou o partido dos aliados.É,pois,um respeitável cavalheiro.Ainda se as bengaladas se destinassem aos lombos do Eusébiozinho ou da cavalgadura do Dâmaso Salcede...arriava-lhas e com muito gosto!E,já agora deixe-me lembrar-lhe que,não é vossemecê de grande autoridade para falar de Realismo,vossa mercê,cuja narrativa de tão Romântica enfastia.E não fique vexado!É que isto de criticar,com fina ironia,a sociedade e os costumes da dita,não está ao alcance de qualquer pena,por mais prendada que seja.Perdoe-me colocou-se a jeito! acabaram os ilustres costados de V.Exª por pagar a factura.
-Ai ele é isso?Espera grande poltrão,vou mostrar-te o que é escrever com "realismo" realmente...o outro é alemão e andou feito salta-pocinhas até se definir (e assim afiambrou o
Nobél).Eu,que sou português,que tive que viver do meu trabalho,que dei com os costados no Limoeiro,(bom mas aqui para nós,passei bons bocados.E não foi apenas com a Plácido...naquelas serranias havia cada moçoila!Morri novo,mas fui eu que decidi quando.E fui de papinho cheio)mas eu é que pago as favas?
Dito isto,Camilo escreveu:"EUSÉBIO MACÁRIO" e a "CORJA" (Dois romances extraordinários,cuja leitura é indispensável a quem queira conhecer,na sua plenitude,o grande escritor que foi CAMILO CASTELO BRANCO e que tão esquecido tem andado.)

REFLEXÕES

Estou reflectindo.

COMENTÁRIOS

Aos meus leitores:por favor...não tenho tempo para ler todos.Francamente!

PIGS ! ( ou PIIGS)

Tenho visto,com alguma frequência e nos últimos dias,referido na imprensa o insultuoso Acrónimo:
PIGS (ou PIIGS)que é utilizado como referência ao grupo de países:PORTUGAL,ITÁLIA,IRLANDA,GRÉCIA e ESPANHA (sendo que os jornalistas portugueses quando o reproduzem,manifestam sempre,e bem,a sua
indignação que compartilho).
-Estou preocupado. Preocupado por não saber em que país terá nascido esta"brilhante criação".Estou receoso que tenha sido em algum país com o qual PORTUGAL tenha relações estreitas.Temo que haja intercâmbio cultural com o referido,uma vez que o contacto da nossa juventude com gente que -insulta e desrespeita,só poderá mesmo prejudicar-nos.
-Quero também expressar aqui a minha solidariedade e respeito para com os outros países que,tal como PORTUGAL,são referidos no infeliz e insultuoso acrónimo.
VIVA PORTUGAL.

A PRINCESA

A princesa vivia lá em casa há muito tempo.Eu era criança e gostava muito dela.A princesa era robusta,grande,quem não a conhecesse podia supor que era agressiva.Mas não!O seu olhar meigo
transmitia lealdade e compreensão.Eu saltava-lhe para cima,apertava-lhe as bochechas,pendurava-me do seu pescoço,fazia-lhe toda a espécie de tropelias e ela,paciente,tudo suportava.
Até que um dia,o seu comportamento se alterou.Começou a tomar atitudes estranhas,o seu olhar
perdeu a doçura.Tornou-se triste.Deixou de participar nas minhas brincadeiras.
O Doutor disse que ela tinha uma doença incurável.Eu revoltei-me,implorei,mas não havia remédio,tinha que ser abatida.Ainda hoje,passados cinquenta anos,recordo a ternura do seu olhar.
Era uma cadela tão amiga...

RENOVÁVEIS E OUTRAS

Há notícias positivas.Mas neste país "fatalista" e "desgraçado" parece que só deve sublinhar-se aquilo que é negativo.Acabei de ler,na Net,que a empresa EDP-Renováveis,que se encontrava em 4º.
lugar a nível Global,ascendeu à 3ªposição,com uma capacidade instalada de 6,9 GW.Aposto dobrado
contra singelo,que ao longo dos noticiários de hoje não vou ouvir uma única palavra sobre este assunto.Apostam?
Outra notícia positiva:está ao alcance de quem o pretender,gratuitamente,uma base de dados com
toda a informação relevante em termos estatísticos respeitante ao nosso país,durante o último
meio século.Estou a falar da PORDATA,disponibilizada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (Jerónimo Martins)e liderada pelo sociólogo António Barreto.Imagine-se a mais valia que isto representa para:docentes,investigadores,empresários etc.Já li no "Expresso" de resto,nas televisões,não dei por nada!Desatenção minha? É possível.

UM DIA

Um dia,mortos,gastos,voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais

O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nossos membros lassos
A leve rapidez dos animais

Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala


Escreveu:SOPHIA DE MELLO BREYNER

ÁGUIA QUE VAIS TÃO ALTA

Recordo,com saudade,os grupos corais improvisados quando,fora-de-horas e após fecharem as tabernas,cantavam numa toada magoada e harmoniosa, "modas" como a que abaixo reproduzo,e de
cujo autor não sei o nome;aqui lhe presto a minha homenagem:

Ó águia que vais tão alta
voando de pólo em pólo
leva-me ao céu onde tenho
a mãe que me trouxe ao colo

A mãe que me trouxe ao colo
ficou-me fazendo falta
voando de pólo em pólo
ó águia que vais tão alta


P.S. lamentavelmente não me lembro do resto.Mas é emocionante não é?
Não posso afirmar,mas parece-me que a nossa Amália gravou .

POMBA BRANCA

ne me quite pas

IDADE

-Pensava que:com o avanço da idade,a nossa capacidade de compreender o mundo e as pessoas que nos rodeiam fosse aumentando.acreditava que a passagem do tempo nos trazia sabedoria.
Li,algures,que o traço do pintor fica mais seguro,mais apurado, com a passagem dos anos.
-Estava convencido que a razão,paulatinamente,ganharia terreno à emoção alcançando-se por esta via um maior "equilíbrio". Esforço-me para continuar a crer que assim é...mas começo a duvidar. É que eu "refilo"por dá-cá-aquela-palha, zango-me com as pessoas (por vezes com aquelas de quem mais gosto),sou intolerante...eu que já tenho idade para aconselhar,para passar
uma mensagem de tranquilidade...será isto a velhice? Não sei,não sei nada,cada vez sei menos!
Vou tentar saber.

ALQUEVA

- Que pena,não é nosso! Esta a frase que a minha mãe pronunciava,quando no fim do dia o meu pai despejava um molho de notas sobre a mesa:40 para o fornecedor de farinha,30 para a renda,10 para aqui,15 para acolá...não sobejava nada,ainda faltava.
- A padaria que explorava,não dava lucro,só trabalho.Mas o meu pai era um lutador:os seus braços fortes amassavam,numa enorme "amassadeira",o pão que no dia seguinte,levaria para as lojas da aldeia para ser vendido.A minha mãe,coitada,tratava da lida da casa e ainda dava uma ajuda,a "tender"e pesar o pão ,antes de ir para o forno(como era de lei).
-Isto vai melhorar,a barragem vai ser feita,vai ser um "negocião",não vai haver pão que chegue,dizia o meu pai.Estávamos na década de sessenta.A barragem não foi construída .
-A padaria faliu e a pobreza abateu-se,em força,sobre a minha família.
-O "guerreiro" não se deixou abater.Virou-se para o que melhor sabia fazer,a agricultura,mas tendo alienado as pequenas parcelas que possuía para aplicar na dita padaria,valeram-lhe alguns amigos que possuíam terrenos de boa qualidade e lhos disponibilizaram,em sociedade,para que os explorasse.Dedicou-se à cultura ,sazonal,de melão de sequeiro.Correu bem e ganhou,razoavelmente,nos dois primeiros anos.No terceiro,apostou tudo.Semeou trinta
hectares.O ano agrícola correu mal...perdeu tudo e voltou a miséria.Mas,agora é que era:a barragem ia ser feita.Não foi. O álcool tornou-se um refúgio.Mas!Não se deixou vencer:trabalhou nos campos,guardou rebanhos,comprou umas cabeças de gado,insistiu...
já na década de setenta,voltou ao meloal e ganhou.Não muito mas equilibrou-se;e agora sim
a barragem ia ser,finalmente,construída.Já não o foi atempo.Ele morreu.Mas,antes de ele morrer, já tinham começado as escavações para desviar o curso do rio.Levei-o lá,agarrou-me pelos braços e sacudiu-me com vigor (apesar da idade,as suas mãos pareciam duas tenazes):eu não te dizia! Vou fazer cá um "negocião"!

ESCUTAS

eu escuto
tu escutas
ele escuta
nós escutamos
vós escutais
eles escutam

CENSURA ?

Ontem,vi e ouvi,"claramente visto" e " sonoramente ouvido," (esta saiu-me bem! )uma senhora
jornalista a dizer,mais ou menos isto : « há censura em Portugal!». Mas, então era permitido,à referida senhora,produzir esta afirmação num meio de comunicação social ,havendo censura? Não estou a perceber!?

CARNAVAL

Quando era criança , gostava do Carnaval. Havia as "danças",lá na minha aldeia:grupos de jovens,que cantavam e dançavam acompanhados por um "tocador de concertina"; satirizavam e ,sempre com bom gosto nunca recorrendo ao palavrão nem ao insulto , criticavam costumes e normas sociais,com a particularidade de nunca visarem a "pessoa" mas sim a sociedade .
Cada "dançarino"marcava o compasso com uma pandeireta enfeitada de fitas coloridas. era bonito, não havia violência,física ou verbal.Havia vivacidade e alegria (claro que não se tratava de meninos de coro) tudo dentro dos limites. Tenho saudades.
Mais tarde,conheci "outros carnavais" onde havia ovos,saquinhos de areia,balões de água e
outras gentilezas...comecei a gostar menos do Carnaval. Agora ,e que me desculpem as pessoas
que gostam de festejar esta quadra,agora não tenho pachorra.Também aceito que seja da idade.

De qualquer modo,desejo BOM CARNAVAL para quem aprecia.



P.S. Dizem que no Brasil é uma festa grandiosa.Também em Veneza,onde parece que há representações de teatro e manifestações de arte.Talvez estes me interessem mas... ficam muito €onge!

ROSA

Trago na minha lapela,
uma rosa junto ao peito;
fresca,perfumada,bela,
tem de ternura o teu jeito.

É do teu gosto,amarela,
a cor que esta rosa tem
e como tu gostas dela,
eu gosto dela também.

Tirei-a do teu cabelo
onde a tinhas com preceito,
e guardei-a com desvelo,
na lapela junto ao peito.

Pão com linguíça e azeitonas

Imaginemos uma tarde de Abril,com aquele sol luminoso. Agora sentemo-nos debaixo de uma velha azinheira,tendo como pano de fundo o rio Ardila.Estendamos por cima das ervas um daqueles sacos que servem para guardar o trigo.Desdobremos sobre este um pano,com quadrados azuis e brancos (podem ser quadrados vermelhos e brancos mas tem que ser um destes dois padrões),coloca-se-lhe em cima um pratinho de azeitonas "arretalhadas" e perfumadas com "oregos" ,uma linguiça nem muito fresca nem muito curada,daquelas temperadas com massa de pimentão vermelho.Prossegue-se (sempre com muita calma) e dispõe-se um pão alentejano (de preferência com dois a três dias de antiguidade),de modo que se não tenha que esticar muito o braço quando for preciso.Fica portanto ao alcance da mão, evitando-se assim esforços sobre-humanos. Tira-se então do bolso a navalha bem afiada (só o está se prender na unha do polegar) e...agora o momento solene:uma garrafa de tinto de Reguengos (pode ser Pias ou Vidigueira) é aberta ,seguindo o ritual, com muiiiiiiito cuidado. Verte-se numa caneca de barro,devagarinho,deixa-se respirar e ,delicadamente, leva-se aos "beços",dá-se um estalido com a língua e pronuncia-se a frase que dá início à cerimónia : Boa Pinga!
Coloca-se,agora, o casqueiro debaixo do braço ( tem que se cumprir este requisito) e corta-se uma fatia sobre a qual se coloca um naco da linguíça , que se vai cortando em pequenas rodelas, que se devem mastigar (devagar) acompanhadas com bocadinhos de pão,cortados com a navalha,(nunca se devem dar dentadas no pão) e , de quando em vez , vai também uma "azeitonita." Nesta fase limpam-se os "beços" com a costa da mão ,bebe-se mais um gole do precioso néctar e , sem abusar , vão-se repetindo estes procedimentos até que...o canto dos passarinhos , mais o cheiro das flores das estevas e a suavidade da brisa que vem do rio ,nos
transportem para outra dimensão...e , pergunto eu , perante a agitação dos tempos que correm, conhecem V.Exas. melhor "terapia" ?

AGRADECIMENTO

Escrever em bom português
é caso raro hoje em dia,
eu aceito Dona Rita
seu reparo,quem diria!?

Dona Rita Lovely
creia,não estou magoado
ao invés aqui lhe deixo,
meu muito e muito obrigado